sábado, 19 de abril de 2008

Linux: Governo federal admite migração 'emperrada' para software livre

Reuters
O Globo Online 19/04/2008

PORTO ALEGRE - O governo federal admite que a prática não acompanhou o discurso no que se refere à adoção do software livre nas instâncias federais. Além de casos isolados, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além das empresas de tecnologia do governo, como Dataprev e Serpro, os sistemas de código aberto não avançaram muito em secretarias e ministérios. ( Leia também: evento abriga competições entre desenvolvedores )
Corinto Meffe, gerente de inovação tecnológica do Ministério do Planejamento, compareceu ao Fórum Internacional do Software Livre (Fisl), que acontece em Porto Alegre. Segundo ele, "existe um nível de migração nos bancos federais e empresas de tecnologia, mas nas secretarias especiais e alguns ministérios a adoção ainda emperra". ( Leia também: lei do software livre ajuda governo do Paraná a economizar )
" A idéia é que o software livre chegue na ponta, a todos os microcomputadores, mas isso não é algo que se faça da noite para o dia (Lino Kieling, presidente da Dataprev) "
Durante a 9ª edição do Fisl, ele afirmou que não é possível mensurar o nível de adoção do software livre na esfera pública porque em muitas consultorias e serviços contratados há softwares embutidos que não são contabilizados. De qualquer forma, Meffe afirmou que "em todos os ministérios há alguma coisa de software livre".
Para ele, o orçamento e a capacidade tecnológica de cada pasta é que determinam a agilidade ou a lentidão nesse tipo de migração.
A Dataprev, por exemplo, responsável por processar todos os benefícios e aposentadorias do INSS no país, tem planos de levar os sistemas livres aos 40 mil computadores que integram sua rede, mas isso não tem prazo para acontecer.
- Depois de substituirmos os mainframes, a idéia é que o software livre chegue na ponta, a todos os microcomputadores, mas isso não é algo que se faça da noite para o dia. Só o desenvolvimento pode levar uns dois anos - afirmou Lino Kieling, presidente da Dataprev, presente ao mesmo evento.
Todas as máquinas novas - sejam notebooks, desktops ou servidores -, adquiridas desde o ano passado, já são configuradas com sistemas abertos. A empresa admite que tem "um legado muito forte" em sistemas proprietários e que, por isso, a migração não é tão rápida.
De acordo com Kieling, até março de 2010 a Dataprev devolverá à atual fornecedora - a americana Unisys - os três mainframes que sustentam a operação da empresa pública. Eles serão substituídos por máquinas com softwares desenvolvidos internamente, baseados em código aberto.
- A idéia é garantir a independência de fornecedor - afirmou o executivo. Segundo sua estimativa, a economia só em manutenção do sistema será de 1 milhão de reais mensais.
Segundo Kieling, nas novas máquinas que estão sendo implantadas com software livre, "a resistência por parte dos funcionários ainda existe", mas trata-se de um processo de "conquista" que, no caso da Dataprev, envolve palestras e treinamento para que se habituem com a nova interface. Linux no auto-atendimento
No Banco do Brasil, que passou a adotar software livre desde 2003 na infra-estrutura tecnológica, o próximo passo será levar os sistemas de código aberto para os terminais de auto-atendimento do público, que são 40 mil em todo o Brasil, de cerca de 40 modelos diferentes e diversos fornecedores.
Segundo Vilson Carlos Pastro, gerente de software livre do BB, dos cerca de 60 mil terminais internos das agências, mais de 52 mil migraram para sistemas abertos desde 2003.
- Deixamos sempre uma margem, um legado com o outro sistema operacional para manter a interatividade com os clientes - afirmou.
O processo de substituir o sistema operacional dos terminais usados pelo público será gradual, de acordo com o executivo. Até a metade deste ano, o BB migrará "alguns poucos terminais", ainda como um teste, para avaliar a receptividade e o desempenho dos novos softwares.
- O caixa eletrônico é um dos pontos mais críticos. Por isso, o tempo (da migração) vai depender da evolução e da facilidade de adoção - explicou Pastro.
No que se refere aos servidores que sustentam a operação do banco, a migração, entretanto, já alcançou 100% dos 5,5 mil equipamentos.

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