quarta-feira, 23 de abril de 2008

Estado do Rio entrega laptops a professores

O governo do Estado do Rio está despejando 31 mil laptops sobre os professores das escolas da rede pública, com previsão de outros dez mil em nova licitação. Segundo a Secretaria de Estado da Casa Civil, foram inicialmente investidos cerca de R$ 70 milhões na empreitada - R$ 1.900 por computador, em média. Mais de 1.430 escolas foram contempladas. A iniciativa é mais do que válida - mas sempre há uns poréns e a idéia, aqui, é justamente contribuir para que o serviço melhore.

Vamos por partes. Os laptops foram fabricados pela Positivo ou pela CCE, adquiridos via Investiplan (escolhida em licitação através de pregão eletrônico). Na configuração, processador Celeron M440, com 512MB de memória e 80GB de disco rígido. O sistema operacional é o Windows XP Pro com o MS Office, e junto com o notebook vem um modem USB da Oi com acesso internet sem fio e gratuito para os professores. Completa o kit um CD com um curso de informática e um passo-a-passo para usar a máquina, dividido em quatro módulos. O notebook tem gravador de CD e leitor de DVD.

Mas como os professores estão vendo tudo isso? Alguns com bons olhos, outros nem tanto.

"A configuração da máquina é boa, mas a conexão de internet está muito lenta", comenta o professor de História Marcello Rangel. "Nominalmente, aparece como 236Kbps (a velocidade da tecnologia EDGE de telefonia celular, usada no modem), mas na prática alcança no máximo a de um modem de 56K. Ou seja, uma conexão discada... Testei no velocímetro do RJNET e não passei de 30Kbps".

O repórter verificou a mesma discrepância no notebook do professor de sociologia André Ferreira. André, aliás, tinha apenas começado a usar o notebook e não sabia como fazer a conexão de internet no laptop com o modem sem fio. O próprio repórter fez a conexão e aproveitou para mostrar-lhe como atualizar o antivírus que vem com o notebook, o AVG Free 7.5. A versão do antivírus estava completamente desatualizada e enviava mensagens de alerta logo que o notebook era ligado. E a atualização demorou bom tempo, já que a conexão com a internet estava bem lenta.

"Posso garantir que a maioria de meus colegas não está feliz com esse notebook. Vários são idosos e não sabem como mexer na máquina; outros estão preocupados com a segurança ", diz André, que trabalha numa escola estadual em Itaboraí. "Até por conta disso, o notebook nos foi entregue em sacos pretos de lixo, meio escondido, por receio de roubo".

Receio que tem fundamento: semana passada, foram furtados 20 laptops da Escola Estadual Herbert de Souza, na Tijuca. Marcello confirma o que André comentou e disse também ter recebido o notebook num saco preto.

O problema da velocidade também ocorre no interior. Gustavo Cardoso de Matos, professor de Física em Bom Jesus do Itabapoana, disse que a velocidade da rede torna impossível trabalhar direito.

"Meu acesso não passa de 55Kbps. Outro dia, abri o site do Instituto de Física da Uerj para dar uma aula sobre eclipses disponível na página, em Flash", conta Gustavo. " Abri o primeiro slide e comecei a explicação. Quinze minutos depois, cliquei para passar para o segundo slide... que só surgiu quando faltavam cinco minutos para a aula acabar".

A secretária de Estado de Educação, Tereza Porto, diz que o problema da velocidade tem a ver com a instalação das antenas da tecnologia EDGE, que somente em agosto estarão disponíveis em todos os municípios. Ex-presidente do Proderj, Tereza assumiu a secretaria há apenas dois meses. Em entrevista ao InfoEtc, ela diz que tecnologia é uma ferramenta, não um fim em si.

Da Agência O Globo 23/04/2008

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