por Marta Reis e Demétrio Weber
de O Globo Online e O Globo
O mais recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade do país, divulgado na quarta-feira pelo Ministério da Educação, apesar de ter registrado crescimento em todas as etapas de ensino entre 2005 e 2007 , mostra que o ensino brasileiro foi reprovado. Na escala de 0 a 10, as médias nacionais ficaram abaixo de 5. Os dados são de 2007 e refletem o conjunto das médias de escolas públicas e particulares. No ensino fundamental, o Ideb das séries iniciais (1ª a 4ª série), o equivalente ao antigo primário, foi 4,2. Nas séries finais (5ª a 8ª série), ficou em 3,8 e, no ensino médio, em 3,5.
Apenas o Distrito Federal e o Paraná conseguiram 5 no Ideb. Ainda assim, somente de 1ª a 4ª série (ou do 2º ao 5º ano, onde esse nível de ensino já dura nove anos). Em São Paulo, estado que teve o mais alto Ideb nas séries finais (5 a 8 ou 6 ao 9 ano), a média não passou de 4,3. No ensino médio, o Paraná liderou com nota 4.
As médias nacionais nas provas de leitura e matemática, com escala até 10, também ficaram abaixo de 5. Os alunos da 4ª série tiveram o melhor desempenho: 4,9. Os da 8ª série, 4,7, e os do ensino médio, 4,4.
O Ideb é calculado com base no desempenho dos alunos da rede pública na Prova Brasil, teste de leitura e matemática aplicado a cada dois anos nas turmas de 4ª e 8ª série do ensino fundamental (5º e 9º ano, onde o ensino fundamental já dura nove anos) e do 3º ano do ensino médio, e nas taxas de aprovação de todas as séries.
Os resultados divulgados na quarta misturam o desempenho de alunos da rede pública, inclusive dos colégios federais que tiram as notas mais altas, e das escolas privadas. O MEC minimiza o impacto das redes privada e federal, que representam 10% das matrículas. As notas por esfera administrativa, por município e por escola serão divulgados nos próximos dias.
Crescimento maior nas séries iniciais do ensino fundamental
As séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª série) foram as que apresentaram o maior crescimento - a nota passou de 3,8 para 4,2. Pelas metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), elas devem atingir média 6 em 2021, o equivalente ao desempenho dos países desenvolvidos numa avaliação internacional em 2003.
As demais séries do ensino fundamental (4ª a 8ª) e o ensino médio também tiverem aumento no Ideb, porém menores - de 3,5 para 3,8, e de 3,4 para 3,5, respectivamete.
Para o professor Francisco Soares, especialista em sistemas de avaliação e indicadores de Educação da Universidade Federal de Minas (UGMG), os dados são positivos pois mostram que, pela primeira vez, o foco do sistema educacional é o aprendizado dos alunos.
- Com as metas, o MEC sinaliza para as escolas o quanto e em quanto tempo elas devem melhorar. Esta é a primeira vez que o Brasil fez isso e conseguimos melhorar. Já é um primeiro passo. Claro que as próximas metas serão muito mais ambiciosas do que as de 2007 ou 2009, mas é preciso começar devagar. Pelo menos não pioramos - esclarece Soares.
O professor atribui o bom resultado ao comprometimento do governo com o Plano Nacional de Educação (PNE), criado em 2007.
- A primeira meta do PNE é melhorar os índices educacionais no Brasil, e os resultados mostram que demos o primeiro passo - completa ele
Nota do ensino médio piorou no Rio e melhorou em São Paulo
De acordo com a planilha divulgada pelo MEC, o Ideb piorou no ensino médio e melhorou no ensino fundamental no estado do Rio de Janeiro, entre 2005 e 2007. Os resultados mostram que a nota da rede pública fluminense de ensino médio, majoritariamente estadual, caiu de 3,3 para 3,2, na escala até 10. Nas séries iniciais do ensino fundamental, o índice subiu de 4,3 para 4,4 e, nas séries finais, de 3,6 para 3,8.
A meta do Rio para 2007, no ensino médio, era 3,3, mesma de 2005. Assim, bastaria repetir o desempenho. Mas as escolas fluminenses tiveram um resultado pior, caindo na escala. A queda ocorreu no chamado fluxo escolar, que reflete o aumento da repetência e da evasão. Na Prova Brasil, a nota subiu.
A secretária estadual de Educação do Rio de Janeiro, Tereza Porto, considerou “bastante fraco” o desempenho do estado no Ideb :
- Tivemos um resultado bastante fraco.Tem que melhorar muitíssimo a qualidade do ensino aqui e no Brasil. Se formos olhar os resultados, a situação de todos não é satisfatória. O Brasil inteiro tem que evoluir. O Rio está fazendo o possível.
Já em São Paulo, as notas subiram nos três ciclos escolares, entre 2005 e 2007. No ensino fundamental, ela passou de 4,7 para 4,9, nas séries iniciais e de 4,2 para 4,3 nas finais. No ensino médio, a variação foi de 3.6 no mesmo período.
domingo, 15 de junho de 2008
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