domingo, 25 de maio de 2008

NOVAS GRADUAÇÕES: Carreira promissora nas ciências atuariais

Publicado em 25.05.2008 Jornal do Commercio


Dez novas graduações vão ser oferecidas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a partir do próximo ano. A ampliação de vagas será possível graças ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), do Ministério da Educação. Para ajudar os vestibulandos a conhecer os novos cursos antes do período de inscrições do vestibular, o Jornal do Commercio inicia hoje uma série de matérias que vai explicar, a cada domingo, como estão organizados esses cursos e suas áreas de atuação. Para começar, a desconhecida ciência atuarial, que só existe, no Nordeste, na Federal do Ceará. Texto de Margarida Azevedo.

Quem conclui o curso de ciências atuariais não se preocupa com desemprego. Com o crescimento de fundos de pensão e novos mercados de capital, esses profissionais são cada vez mais requisitados. Como o número de formados não é suficiente para atender a essa demanda, sobram vagas na área. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA) indica que, em 2006, havia somente três bacharéis em ciências atuariais em Pernambuco. No País são 748, a maioria concentrada nas Regiões Sul e Sudeste. A entidade diz que há cerca de 350 vagas disponíveis por ano, centralizadas sobretudo no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Em empresas de planos de saúde, o profissional vai calcular o preço que será cobrado aos clientes em planos de saúde, seguros e planos de previdência. Também pode trabalhar no mercado financeiro, avaliando as aplicações de recursos. Atua ainda no cálculo de fundos a serem criados para a cobertura dos compromissos futuros, assim como na gestão desses mesmos fundos.

“É uma das profissões mais promissoras. As reformas tributária e da previdência no Brasil estão exigindo pessoas que saibam atuar na área. A maioria das prefeituras tem regimes próprios de previdência, o que aumenta as chances de emprego. É urgente a formação de mão-de-obra para atender a essa demanda”, observa o coordenador do curso de ciências atuariais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Josenildo dos Santos.

A graduação será a segunda oferecida na Região Nordeste. Apenas a Universidade Federal do Ceará disponibiliza o curso. Como a carência de profissionais é grande, muitas prefeituras daqui contratam pessoas do Sul e do Sudeste.

O vestibulando que pensa em se candidatar a uma das 30 vagas da graduação deve gostar de matemática. É a disciplina que mais estudará durante os quatro anos do curso. Além de matemática, economia, contabilidade e direito farão parte da sua formação. Como boa parte da bibliografia da área é em inglês, é importante que o estudante conheça o idioma. Saber informática e utilizar o programa excel também são requisitos essenciais.

Nos dois primeiros anos do curso as aulas acontecerão pela manhã e à tarde. Os dois últimos anos terão atividades à noite. “Vamos focalizar na inserção dos nossos alunos no mercado do trabalho. Por isso, os primeiros anos serão diurnos e os últimos, noturnos, para que eles possam estagiar antes de se formar”, explica o coordenador.

O curso estará vinculado ao Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais, localizado no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). Segundo Josenildo, haverá aquisição de livros e criação de um laboratório de informática.

SALÁRIO

Em início de carreira, o bacharel em ciências atuariais recebe entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Se tiver experiência, esse valor pode chegar a R$ 10 mil. Após a formatura, o profissional para fazer parte do Instituto Brasileiro de Atuários passa por um exame de admissão obrigatório.


NOVAS GRADUAÇÕES
Curso para quem gosta de números


Cícero Rafael Dias, 28 anos, conheceu as ciências atuariais por meio de uma cunhada que fazia o curso na Universidade Federal do Ceará. Incentivado por ela, prestou vestibular para a graduação. Como gostava de matemática, achou que seria uma boa tentar a desconhecida carreira. Nem terminou a faculdade e estava trabalhando em uma empresa de seguros. Atualmente, atua como atuário na Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social (Fachesf), além de lecionar na Escola Nacional de Seguros.
“Para seguir essa carreira, o jovem tem que se identificar com matemática, pois passamos boa parte do tempo fazendo cálculos. Deve também gostar de estatísticas”, diz Cícero. “A profissão é bastante versátil e multidisciplinar. Exige conhecimentos também em economia, contabilidade, probabilidade e finanças”, observa.

Para ele, a implantação do curso na UFPE será importante para divulgar a profissão. Também para suprir a escassez de atuários no mercado de trabalho. Entre as dificuldades, Cícero diz que a principal é justamente a falta de conhecimento da sociedade sobre a profissão. Outra complicação é obter cadastros de boa qualidade, sobretudo, nos regimes próprios de previdência social, onde não se encontra os dados com facilidade.

Entre as atribuições do atuário, Cícero diz que uma delas é analisar o contexto econômico-financeiro, com determinada margem de segurança, nas entidades de previdência social e complementar, planos de saúde e seguradoras. “Fazendo uma analogia com a medicina, significa medir o nível de ‘saúde’ econômico-financeira da companhia com uma probabilidade associada, e prescrever o remédio necessário para a correção do problema”, diz.

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