domingo, 18 de maio de 2008

CONEXÃO: Usuários estão insatisfeitos com 3G

Clientes da Claro se queixam de instabilidade e baixa velocidade do serviço. Operadora justifica que problemas decorrem da fase de ajustes

Thiago Lúcio
do JC OnLine

A banda larga móvel, também conhecida como 3G, chegou ao Grande Recife no fim do ano passado com a promessa de oferecer conexões sem fio à internet em alta velocidade e a qualquer hora do dia através de telefones celulares, notebooks, desktops e PDAs. O que parecia ser uma boa alternativa às tradicionais operadoras de internet, que não cobrem toda a Região Metropolitana e muitas vezes oferecem um serviço de baixa qualidade, passou a ser dor de cabeça para os usuários da nova tecnologia.

Atualmente, apenas duas operadoras oferecem 3G no Grande Recife: a Claro, que dispõe do serviço desde novembro de 2007 e ainda concentra boa parte dos clientes, e a TIM, recém-chegada ao mercado e ainda com poucos usuários.

A servidora pública Adriana Nunes, 33 anos, usuária da 3G da Claro desde janeiro e assinante do plano de 500 Kbps, é uma das insatisfeitas com a nova tecnologia. Moradora de Casa Caiada, ela conta que desde o início encontrou dificuldades para acessar a web, como instabilidade da rede e lentidão no tráfego de dados. Adriana diz que contratou o serviço atraída pela idéia de mobilidade prometida pela tecnologia. “Eles vendem o serviço como se fosse a sétima maravilha do mundo. Mas não é. Para se ter uma idéia, não consigo nem ver os meus e-mails porque a conexão fica caindo. É um estresse”, critica.

Depois de semanas de dor de cabeça, Adriana resolveu entrar com um ação na Justiça contra a operadora, a Claro, para tentar reaver todo o dinheiro gasto com os quatro meses de assinatura e para cancelar o serviço sem pagar os R$ 900 de multa por rescisão de contrato. “Paguei por algo sem poder utilizá-lo como eu gostaria”, diz. Além de se queixar da instabilidade da rede e da baixa velocidade de acesso, Adriana reclama do atendimento por telefone prestado pela operadora. “Tentei falar com eles para avisar que ia cancelar o serviço e não consegui. Passei uns 20 minutos esperando e nada”, conta.

O estudante e técnico em informática Leonardo Chaves, 18, morador de Ouro Preto, também em Olinda, conta que enfrentou os mesmos problemas de Adriana. “Quando eu conseguia acessar, a internet caia e para baixar alguma coisa era muito lento”, conta o estudante, usuário da 3G da Claro há cerca de um mês. Assinante do plano de 1 Mbps, ele diz que logo que assinou o serviço, a velocidade de conexão não chegava a 10% do valor nominal da banda garantido pela operadora. “Me deram três meses de internet grátis porque eu ia cancelar o plano. Depois que liguei para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), eles melhoraram”, afirma Leonardo, que hoje consegue acessar a web com mais estabilidade, apesar de obter uma velocidade média de apenas 300 Kbps.

Encantado com a possibilidade de levar a internet para qualquer lugar, o universitário Themisson José, 19, também se diz decepcionado com o serviço de 3G oferecido pela Claro. “No primeiro mês, ficou normal. Mas depois os problemas começaram a aparecer, como a lentidão no acesso e a rede sempre caindo.” Morador do bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes e usuário da tecnologia desde fevereiro, ele conta que está sendo prejudicado nos estudos porque simplesmente não consegue acessar a internet para realizar pesquisas. “Os professores colocam material na web e eu preciso ir para uma lan house para acessar”, conta.

Em nota, a Claro disse que está trabalhando na ampliação da rede para adequar a demanda à capacidade instalada. “Os problemas decorrem da própria característica do serviço e lembramos que é próprio da implantação de qualquer serviço em fase de ajustes”, informou.

Clientes devem ir ao Procon

A assistente jurídica do Procon Recife, Adoleide Folha, orienta os usuários da rede 3G insatisfeitos com o serviço a procurar os órgãos de defesa do consumidor para prestar queixa. “Primeiro ele deve se dirigir à operadora. Caso não consiga administrativamente, deve recorrer aos órgãos de defesa do consumidor”, afirma Adoleide.
Segundo ela, o número de reclamações envolvendo clientes da Claro e até mesmo da TIM, recém-chegada ao mercado de 3G, vem crescendo a cada dia.

Somente no Procon Olinda, já foram realizadas oito audiências de conciliação, de janeiro até agora, entre usuários da rede 3G e operadoras. Dessas, apenas duas tiveram sucesso. As outras seis audiências terminaram sem acordo.

“Os clientes insatisfeitos podem vir aqui e abrir uma reclamação. Caso não seja resolvido, a gente encaminha para o juizado”, orienta o advogado do Procon Olinda, Felipe Torres. De acordo com ele, a maior parte das reclamações é referente à velocidade de acesso oferecida pelas operadoras. A Claro, por exemplo, só assegura 10% da velocidade nominal contratada.

“É uma cláusula que prejudica o consumidor e passível de ser anulada, já que está restringindo o direito dele”, afirma Felipe. “A operadora precisa informar qual a velocidade que tem condições de oferecer antes que o consumidor adquira o serviço”, completa Adoleide Folha.

“A propaganda deles é diferente do que tem no contrato. Isso dá margem para que o consumidor cancele o serviço, mesmo tendo uma cláusula. Infelizmente as pessoas não lêem o contrato na íntegra e, muitas vezes, essas cláusulas estão em letras miúdas”, diz a diretora do Procon Recife, Maria Cleide Torres.

“A regra é tentar resolver primeiro com a empresa. Caso não consiga, o consumidor deve ir ao Procon registrar uma queixa”, orienta. Segundo ela, o usuário pode pedir o cancelamento sem ônus caso não haja o cumprimento do contrato referente à velocidade de acesso e à oferta do serviço. Ela aconselha o consumidor a solicitar o cancelamento por escrito, informando os motivos da rescisão contratual. (T.L.)

» serviço

Procon Pernambuco

Av. Conde da Boa Vista, 1410, 7º andar, Recife. Fone: 0800 2821512

Nenhum comentário: