domingo, 23 de março de 2008

Sala de aula hi-tech

Sala de aula hi-tech

Publicado em 19.03.2008 - Jornal do Commercio

Computadores deixam de ser simples instrumentos de inclusão digital para se tornar ferramentas pedagógicas essenciais

Bruna Cabral
bruna@jc.com.br

A escola do futuro não precisará de paredes, na opinião de alguns teóricos da pedagogia. Mas certamente fará uso de computadores. Ferramenta que chegou acanhada nos colégios para garantir a inclusão digital de alunos e professores há alguns anos, a tecnologia demarcou seu espaço. Rapidamente, as apostilas de iniciação à informática deram lugar a atividades pedagógicas digitais e interdisciplinares, que fazem do computador um acessório indispensável para a transmissão e, principalmente, construção de conteúdo. E o PC invadiu a sala de aula, quebrando paradigmas que há décadas a pedagogia crítica de Paulo Freire já considerava antiquados.
Mas só na rede particular de ensino. Enquanto essas escolas discutem e implementam os desdobramentos dos laboratórios de informática, as públicas pelejam para garantir o primeiro contato dos alunos com as máquinas. A maioria, sem sucesso. Quando não faltam máquinas, faltam professores habilitados para utilizá-las. Só não faltam projetos do Governo, que são sempre renovados a cada quatro anos, mas quase nunca são cumpridos à risca.
Já nas escolas particulares, a revolução digital não demorou para acontecer, nem encontrou muitos obstáculos. Construtivistas, freinetianas ou tradicionais, todas se renderam à urgência dos alunos pela tecnologia. E, mais tarde, precisaram se render também à urgência da tecnologia por novidades. Desde que invadiram as escolas, os computadores impuseram um ritmo acelerado de transformação. Os laboratórios viraram extensão da sala de aula e a internet transformou-se em meio obrigatório de comunicação entre alunos e professores. A tecnologia mudou até o conceito de quadro negro, que hoje já foi substituído em algumas escolas por lousas digitais.
A tradição teve que ceder espaço à inovação. E mesmo as instituições mais antigas tiveram que investir em recursos tecnológicos para não perder credibilidade. No Recife, um bom exemplo disso é o Colégio Marista São Luís. Criado no início do século passado, o São Luís já fez várias apostas em inovação tecnológica. Além dos dois laboratórios de informática (“que oferecem atividades desenvolvidas em parceria entre o professor e o laboratorista e não aula de computação”, ressalta a coordenadora de informática, Liége Carneiro Leão), a escola conta com “carrinhos” equipados com PC e projetor que são usados nas salas de aula tradicionais. Os projetos mais audaciosos, no entanto, ainda estão por vir. “Passaremos a usar lousas digitais em algumas salas ainda este ano”, garante Liége. E ainda serão disponibilizadas no site da escola aulas produzidas em podcast para os alunos baixarem, usarem e abusarem.
Outras escolas como o Santa Maria e o Capibaribe mostram-se mais tradicionalistas. Dispõem de laboratórios de informática para praticamente todas as séries, usam softwares educativos, geralmente desenvolvidos dentro do próprio colégio, mas têm lá suas reservas com relação ao uso da tecnologia. “Claro que os alunos ficam entusiasmados, mas é preciso orientá-los para que seja uma experiência positiva”, diz Marcos Nunes, coordenador de informática do Santa Maria. A instituição dispõe ainda de carrinhos com projetores, PC e caixa de som e sala de estudo com 15 micros, um número não muito proporcional à impressionante marca de quatro mil alunos matriculados nos dois turnos.

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