quarta-feira, 26 de março de 2008

Contrastes do Vestibular

Artigo assinado pelo fundador do Grupo Bureau Jurídico, Janguiê Diniz, publicado na edição de 11/03/08 do Diario de Pernambuco.

Por: Talita Vasques (11/03/08)

Enquanto 7.410 mil feras comemoravam a aprovação no concorrido vestibular das universidades federais, em Pernambuco, uma multidão enfrentava uma fila quilométrica em frente à Agência do Trabalho em busca de inscrição num cadastro que selecionará 5.775 pessoas para 62 cursos de qualificação profissional oferecidos pelo governo do estado. Em comum, esses dois grupos de brasileiros tinham a faixa etária: eram jovens, em sua maioria. As semelhanças, no entanto, restringem-se a esse aspecto. Os que se aglomeravam na entrada da Agência do Trabalho compartilham histórias de vida e oportunidades bem distintas dos "cabeças-raspadas". A maioria estudou em escola pública, mal terminou o ensino médio e pertence a famílias humildes, para as quais, em muitos casos, o desemprego significa mais do que estatística. Vaga em universidade pública, para grande parte dos que buscavam vaga nos cursos de qualificação, não passa deartigo de luxo. Com uma formação educacional deficiente, percebem-se sem maiores chances de sucesso na disputa por uma vaga nas universidades públicas. Resta a esses jovens, assim, partir em busca de emprego que lhes permita pagar as mensalidades de uma faculdade privada - único meio de conquistar o tão sonhado acesso ao ensino superior. Já o caminho trilhado pelos que conseguem aprovação nos vestibulares das universidades públicas costuma ser, em regra, mais abreviado. Não significa que, para esses, esforço e determinação sejam fatores dispensáveis, mas a diferença de condições para se alcançar os objetivos fica evidente. Além da possibilidade de investir em uma formação de melhor qualidade, há também o reforço dos "cursinhos preparatórios para vestibular". É, no mínimo, uma concorrência desleal. Ressalte-se, ainda, outra discrepância que não pode ser ignorada: embora muitos desses jovens tenham condições de pagar um curso superior, ocupam vagas dos que não podem. Eis a origem dessa distorção.Iniciativas envolvendo parcerias entre governo e iniciativa privada, embora não sejam suficientes, minimizam o problema. O Programa Universidade para Todos (ProUni) - que oferece bolsas de estudo a estudantes carentes em troca de isenção de tributos para as faculdades - é um exemplo. Mais de 400 mil jovens conseguiram cursar uma faculdade por meio da iniciativa. Os resultados, entretanto, ainda são modestos diante do desafio: somente 11% dos jovens conseguem chegar à universidade. Serão necessárias, portanto, mudanças profundas e ações incisivas para que mais jovens possam comemorar o nome no listão, seja de faculdades públicas ou privadas, deixando a procura por emprego para depois do diploma.

Um comentário:

Deus te abençoe! disse...

No meu entender este é um problema do tempo dos barões de arraruna ( em minúsculo de propósito ). Nunca se investiu em educação, saúde e saneamento básico neste País. Governos passados que apoiaram estes barões, só olhavam para os interesses próprios. Hoje nós pagamos o preço, muito alto, por estes descasos. A veleocidade da informação é muito maior que a velocidade de se obter conhecimento.