A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota nesta sexta-feira em que rebate as críticas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A Ordem contesta as declarações de Gilmar, para quem os juízes precisam enfrentar a opinião pública e "não devem consultar o sujeito da esquina". Para o presidente da entidade, Cezar Britto, os magistrados "não podem viver encastelas em torres de marfim e distantes da realidade das ruas".
Segundo a nota da OAB, o advogado "atua como um porta-voz das ruas nos tribunais, pois ele é o primeiro a sentir os efeitos da morosidade judicial, da burocracia e da arrogância de alguns juízes".
O presidente da OAB diz ainda na nota que se fosse necessário enfrentar a opinião pública, "a OAB não teria ido às ruas, ao lado da sociedade civil organizada, pedir o impeachment de um presidente da República corrupto" e nem "teria gritado pelas liberdades democráticas e pelas Diretas Já".
Na quinta-feira, Gilmar criticou também a OAB, que estaria indicando profissionais despreparados para parte das vagas reservadas à classe em tribunais regionais federais. "Quando vejo a OAB sempre com dedo em riste para as outras instituições, me pergunto por que não olham para seus próprios problemas. Há pessoas que nunca passaram em concurso para juiz e agora aparecem em listas de indicação para desembargador", disse Gilmar na quinta-feira.
A nota da OAB contesta a afirmação e chega a questionar "a coerência de Gilmar criticar o Quinto Constitucional", que permite o ingresso do advogado na magistratura, ao "recordar que o próprio presidente do STF nunca sequer foi juiz de carreira e ingressou no tribunal logo após ter sido advogado-geral da União do governo FH". A nota prossegue dizendo que "a ausência desse requisito não o impede de ser ministro do STF em sua plenitude".
Agência O Globo
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