segunda-feira, 27 de abril de 2009

Utilização do Enem como processo seletivo de universidades ainda tem muitos pontos de discórdia

O projeto do Ministério da Educação de unificar os processos seletivos das universidades públicas e privadas em uma única prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está longe de se tornar uma unanimidade. Pelo menos foi isso que ficou claro durante o debate promovido pela Universidade Federal de Pernambuco para discutir o assunto nesta sexta-feira à tarde, no Centro de Convenções da instituição, com a participação de representantes das instituições de ensino superior públicas e privadas, estudantes e professores.

Os presentes no debate foram favoráveis à idéia do MEC, porém todos tinham restrições sérias ao projeto original. O vice-reitor da Universidade de Pernambuco foi um dos que se posicionou contrário a alguns pontos.

“A idéia é excelente, pois vai democratizar o processo seletivo. Porém temos que discutir mais. Não vamos aderir neste ano porque nosso calendário foi aprovado desde 2008 e precisaríamos fazer mudanças drásticas nas datas para nos adequarmos. Um exemplo disso é que nos primeiros dias de janeiro nossas matrículas já estarão sendo efetuadas, enquanto ainda não terá nem saído o resultado do Enem, que está marcado para dia 8 de janeiro”, afirmou.

Quem também fez duras críticas ao calendário do Enem foi o diretor executivo do Sindicato das Escolas Particulares, Arnaldo Mendonça. “Essa adesão deveria ser apenas no próximo ano, pois ainda não foi divulgado o programa da prova, que será realizada em 3 e 4 de outubro. Como vamos adaptar o programa de um ano em apenas cinco meses, sendo um deles de férias? Não tem condições. Nosso calendário termina apenas na primeira quinzena de novembro”, reclamou.

Mas o calendário não é a única preocupação. O conteúdo do que é ensinado no ensino médio e a forma que os estudantes são preparados para o vestibular também foram colocados em xeque. “Atualmente aprendemos apenas a decorar o que o professor nos diz. A prova do Enem é diferenciada e não aprendemos a estudar para ela, pois é um exame que exige um maior raciocínio e pouco decoreba. Os programas e os professores precisarão se adaptar ao novo sistema e o tempo é curto para isso”, disse a presidente regional da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, Amanda Mello.

Clique aqui e conheça todas as propostas do MEC às instituições de ensino superiores para utilização do Enem como processo seletivo

De acordo com o reitor da UFPE, Amaro Henrique Pessoa, apesar de tantos pontos abertos, a idéia tem tudo para dar certo. Apesar disso, a instituição ainda não decidiu como vai utilizar o Enem em 2009. O Conselho da UFPE vai se reunir na manhã da próxima quinta-feira para discutir mais uma vez sobre o assunto. “Acho que ninguém deve se desesperar por causa disso. Estou vendo que existem muitos estudantes ansiosos com as possíveis decisões das universidades, mas vamos ter calma e tranquilidade, pois ninguém será prejudicado”, garantiu o reitor.

Pelo visto calma é o que não existe atualmente no dia a dia dos estudantes do terceiro ano do Ensino Médio. Vários deles assistiram ao debate e demonstraram medo do futuro. “Gostaria que as universidades decidissem logo, pois só assim começaríamos a nos preparar com menos atraso. Acho que é pouco tempo para mudarmos tudo. Mesmo assim existem outras coisas boas, como concorrer a faculdades de outros estados e municípios fazendo apenas uma prova. Mas nesse momento não estou tranqüilo, pois pode mudar tudo como pode permanecer a mesma coisa”, comentou o estudante do terceiro ano do Colégio Nap, Bruno Apolinário.

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

Nenhum comentário: