sexta-feira, 6 de março de 2009

Web via rede elétrica pode ser regulamentada

Márcia Lira - Folha de Pernambuco
marcialira@folhape.com.br
Há muito tempo se discute a implantação da internet via rede elétrica no Brasil - ou seja, a tecnologia Broadband Power Line (BPL) -, mas, antes do Carnaval, a conselheira da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Emília Ribeiro, anunciou que a regulamentação do serviço deve ocorrer ainda este ano. Com a aprovação do relatório, os usuários vão poder acessar a web com conexão banda larga usando a energia elétrica. Apesar de parecer um avanço, muitas ressalvas sobre o funcionamento da tecnologia são destacadas pelos especialistas.

O usuário liga o computador normalmente na tomada e, ao mesmo tempo em que a máquina absorve energia elétrica para funcionar, já se conecta à internet. É essa a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente quando se pensa nesse tipo de conexão. Mas, na prática não é assim. Para chegar à casa do internauta, ela passará por um esquema similar ao que acontece com a conexão ADSL, a mais usada no Brasil, com base na linha telefônica. Ou seja, o consumidor vai precisar pagar uma taxa mensal ao provedor, que encontraria um meio de levar a conexão à rede elétrica do cliente, que seria captada por um modem específico - o Power Line Communications, mais conhecido como PLC - ligado ao computador.
“Na conexão à internet normal, cabeada, o sinal de transmissão de dados já é elétrico, mas é centrado, específico e delicado, diferente de como é na tomada. Cientistas, então, descobriram que, usando algumas técnicas, poderiam transmitir os dados também pelo cabeamento elétrico, usando um pedaço pequeno da energia que trafega na tomada - cuja frequência é muito mais alta - a velocidades compatíveis com as da tecnologia ADSL, com até 3 Mb de velocidade”, detalha o coordenador de suporte do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), Carlos Sampaio.
A grande sacada da tecnologia, na avaliação de Sampaio, não seria nem preço nem qualidade, mas, sim, sua maior possibilidade de alcance. “A estrutura ADSL está presente nas grandes cidades brasileiras, mas, no interior, com raras exceções, a única coisa que existe é eletricidade. Então, seria uma forma da internet chegar a esses lugares”, ressalta o coordenador de suporte do CESAR.
É o que também destaca o presidente da Associação Brasileira das Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (Abramulti), Adelmo Santos. “A universalização que deveria ser promovida pelas concessionárias não chegou a todos os municípios do País. O BPL vai oferecer uma maior flexibilidade e praticidade em seu uso, visto que cada tomada elétrica existente pode ser considerada uma via de comunicação”, analisa.
A conselheira da Anatel, Emília Ribeiro, tem um prazo de 30 dias para aprovar o regulamento, segundo a assessoria de imprensa do órgão. Depois disso, as normas devem ser analisadas pelo Conselho Diretor da agência e, se forem aprovadas, as empresas já podem oferecer o serviço. Segundo Emília, todos os setores interessados estão sendo ouvidos. “É muito importante decidir esta questão, porque é mais uma forma de expandir a banda larga para todo o País de forma mais barata, inclusive para aumentar a competição”, comentou. Leia também
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