quinta-feira, 1 de maio de 2008

Pesquisa revela insegurança do recifense

O recifense não confia na policia, não se sente seguro na cidade, tem medo de sair e não voltar para casa por conta da violência, mudou de hábitos por causa do medo e aprova a prisão perpétua e a pena de morte. Esse é o perfil traçado pela pesquisa Termômetro da insegurança e vitimização na cidade do Recife, divulgada nesta quarta pelo Instituto Maurício de Nassau. O levantamento aponta dados alarmantes, como o fato de 64,2% dos entrevistados afirmarem conhecer alguém que já foi assassinado.

Os resultados, que vêm a público um ano depois do lançamento do Pacto pela Vida - programa do governo estadual com o intuito de reduzir em 12% o número de homicídios em Pernambuco - mostram que a insegurança da população continua marcante. Cerca de 44,5% dos 795 entrevistados no estudo afirmaram ter sido vítimas de assaltos em vias públicas e 54,7% não consideram nenhum bairro do Recife seguro.

A pesquisa aponta ainda que a população não acredita na polícia: 79,8% dos entrevistados consideram que a polícia não consegue proteger a população. O descrédito se confirma entre as vítimas de agressões. Delas, 72,8% admitiram não ter procurado a polícia. Entre as pessoas que conhecem alguém assassinado, 82,5% afirmaram que a a polícia não prendeu o autor do homicídio..

De acordo com o coordenador do Instituto Maurício de Nassau, Sérgio Murilo, quanto menor a renda dos entrevistados, mais pessoas eles conhecem que foram vítimas de homicídios. “Isto mostra que a população carente é a maior vítima da violência no Recife”, disse. Os pesquisados que ganham acima de 10 salários mínimos conhecem menos pessoas vítimas de homicídios (17,5%). Por outro lado, 71,1% e 71,2% dos entrevistados enquadrados nas faixas de rendimento de 1 a 2 salários mínimos e de 3 a 5 salários mínimos, respectivamente, afirmaram ter conhecido alguém que foi assassinado.

Os quase 800 entrevistados da pesquisa, que durou um mês, foram escolhidos aleatoriamente. “Fizemos perguntas como você já foi assaltado em via pública?, você conhece alguma vítima de homicídio?, você já sofreu agressão física? para fazer um panorama da violência e da insegurança na capital”, completa o cientista político Adriano Silva, coordenador da pesquisa. O estudo será encaminhado para o Governo do estado e para a Prefeitura do Recife, para que possa ser utilizado em políticas públicas de combate à violência.

Confira alguns dados apontados pela pesquisa:

16,2% dos pesquisados já foram vítimas de agressões em via pública

44,56% já passaram por assaltos

Entre os objetos mais roubados ou furtados, estão celulares (31,3%), dinheiro (14,7%) e carteiras (12,4%)

Das vítimas de assalto que prestaram queixa à polícia, 91% asseguraram que o assaltante não foi preso

59,7% mudaram de hábitos por conta da violência

62,8% têm medo de sair de casa e não voltar

79,8% não confiam no poder da polícia de proteger a população

54,7% não consideram nenhum bairro do Recife seguro

53,1% aprovam a pena de morte

68,06% concordam com a prisão perpétua

64,2% dos pesquisados afirmaram conhecer alguém que foi assassinado. Destes, 33,9% foram vítimas de homicídios nos últimos três meses

As principais causas motivadoras dos assassinatos apontados pelos entrevistados foram desentendimentos (26,4%), tráfico de drogas (23,4%) e latrocínio (10,6%)

Ainda sobre os assassinatos, os entrevistados afirmaram que, em 82,5% dos casos, o autor não foi capturado pela polícia

Da Redação do PERNAMBUCO.COM

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